A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) deve enviar à Caixa Econômica Federal (CEF), no dia 25 deste mês, o projeto executivo para a construção da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Guarapes, cujos efluentes serão lançados no estuário dos rios Jundiaí/Potengi.O gerente de Projetos da Caern, engenheiro civil e sanitarista Josildo Lourenço dos Santos, explica que a ETE do Guarapes foi a solução encontrada para substituir o projeto de construção do emissário submarino de Ponta Negra, que depois das adequações feitas e cumpridas as exigências de órgãos ambientais públicos e de ongs ambientalistas, tornou-se inviável economicamente.
Josildo dos Santos disse que em 2006, quando a Caern começou o debate sobre o projeto do emissário submarino, a estimativa era de que a obra custaria R$ 81 milhões. Depois de todas as discussões, a construção do emissário ficaria em torno de R$ 205 milhões.
Santos explica que os recursos garantidos para a ETE dos Guarapes são justamente os R$ 81 milhões inicialmente previstos para o emissário submarino e mais R$ 15 milhões que seriam destinados à construção de outra ETE no rio Jundiaí. No entanto, Santos admite que em virtude da mudança de objeto da obra, o Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) "tem de permitir" a reversão dos recursos para financiamento das obras da ETE do Guarapes.
Segundo ele, mesmo tendo o consenso da Caixa e do Ministério das Cidades em relação a isso, e com toda justificativa e exposição de motivos feita, se o Conselho Curador do FGTS não aprovar a mudança sugerida, "morre o financiamento e ai tem de se procurar outro".
O gerente de Projetos da Caern ainda externou que, depois de receber o projeto executivo, a Caixa ainda terá uns 30 dias para avaliar e aprová-lo. Como é necessária uma concorrência nacional para a execução da obra, ele informa que a licitação deverá levar entre 90 e 120 dias para ser concluída. Portanto, ele acha que a obra, caso passe pelo crivo do Conselho Curador do FGTS, só será iniciada no primeiro semestre de 2012.
A ETE dos Guarapes vai receber os efluentes de Ponta Negra, Capim Macio, conjuntos Pirangi e Jiqui, San Vale e Cidade Satélite, na Zona Sul de Natal e ainda os esgotos de Felipe Camarão, Bom Pastor, Quintas, Guarapes e Cidade Nova.
Posteriormente, informou Santos, a ETE também receberá os efluentes de Candelária e Lagoa Nova, cuja rede de esgotos deixará de alimentar a ETE do Baldo. Em outra etapa, passarão a jogar efluentes na ETE dos Guarapes os bairros de Nova Parnamirim, Emaús e Parque Industrial, todos situados no vizinho município de Parnamirim, que anteriormente iriam para a ETE de Ponta Negra. A estação de tratamento de esgotos dos Guarapes está projetada para ter, no final do plano em 2020, uma vazão média de 1.260 litros por segundo, quase três vezes mais que a vazão da ETE do Baldo, que é de 450 l/s.
Pelo projeto, será construído um emissário terrestre de 14 quilômetros de extensão, com uma tubulação variando de 700 a 1.000 milímetros, a partir de uma estação elevatória a ser construída em Ponta Negra, passando por Pirangi, Cidade Satélite, Planalto até chegar nos Guarapes.
ETE de Ponta Negra será ampliada
Enquanto o projeto da ETE do Guarapes não sai do papel, a Caern já está tomando providências para ampliar, provisoriamente, a coleta e tratamento de esgotos de seis bairros da zona Sul de Natal: a duplicação da capacidade da estação de tratamento de Ponta Negra, com a colocação de aereadores nas lagoas de estabilização situada na avenida Gastão Mariz, que liga o bairro de Cidade Verde, em Nova Parnamirim, a chamada rodovia Rota do Sol.
A Caern informa que o trabalho de ampliação da ETE de Ponta Negra deve ser iniciado em dezembro deste ano e concluída num prazo de 180 dias, após a expedição da ordem de serviço da empreiteira que vier a ganhar a licitação pública para execução da obra. O gerente de Projetos da Caern, Josildo dos Santos, disse que a empresa vai investir, de recursos próprios, cerca de R$ 5,5 milhões. O serviço vai aumentar a capacidade de tratamento da ETE de 95 litros por segundo para 225 l/3, configurando um incremento de vazão de 130%.
Santos informa que após a entrada em funcionamento da ETE do Guarapes, as três lagoas de estabilização de Ponta Negra vão deixar de funcionar. "Nós vamos fazer um "up grade" na ETE de Ponta Negra, colocando aeradores nas lagoas de estabilização, que vão oxigenar o sistema de captação de esgotos e, com isso, permitir que as bactérias, que são os principais agentes de degradação da matéria orgânica".
Segundo Santos, serão colocados 12 aeradores de 12,5 cavalos na primeira lagoa que é facultativa, e mais 12 de cinco cavalos na segunda lagoa. Ele ainda explicou que a terceira funcionará como lagoa de decantação enquanto serão construídas mais três de detenção e infiltração dos esgotos já tratados, sem a necessidade de ampliar a área do sistema de tratamento de esgotos, que vão passam a receber efluentes de Capim Macio, San Vale, Cidade Verde e dos conjuntos residenciais Pirangi, Jiqui e Neópolis, os quais terão os esgotos tratados, posteriormente, pela ETE dos Guarapes. Ele disse, ainda, que em função "dessa indefinição" que existia em relação ao lançamento final dos efluentes, nos conjuntos Jiqui, Pirangi e Neópolis falta concluir os ramais e construir as estações elevatórias, obras que recomeçarão após a entrada em funcionamento da ampliação da ETE de Ponta Negra.
Com relação a Capim Macio, Santos explicou que a rede coletora de 112 quilômetros já foi concluída, com o diâmetro dos canos variando de 150 a 400 milímetros. Ao todo, o sistema terá 12 mil ligações prediais e um 5,7 km de emissário de recalque, que são tubos que ligam a estação elevatória à unidade de tratamento. O sistema de esgotamento sanitário de Capim Macio deve entrar em operação depois de ampliada a ETE de Ponta Negra. O serviço de coleta conta com quatro estações elevatórias, que vão bombear 1,5 milhão de litros de dejetos por hora. O sistema representa um investimento de R$ 31,8 milhões e vai atender 55 mil pessoas. Até agora, segundo a Caern, 95% das obras físicas foram executadas.
Obra também beneficiará Parnamirim
O sistema de transporte e tratamento de efluentes de esgotos da futura ETE dos Guarapes vai dar destinação final dos esgotamentos sanitários seis bacias de Natal, das quais são três da zona Sul e três da zona Oeste, além de bacias e sub-bacias de Parnamirim. O sistema de transporte compreende quatro trechos, cortando a cidade de Leste a Oeste. O primeiro trecho, por recalque, vai da estação elevatória final de Ponta Negra, situada na Rota do Sol até a caixa de reunião localizada no conjunto Pirangi. Neste trecho, além da Via Costeira, serão concentradas vazões de contribuição de Ponta Negra e Cidade Verde.
Já no trecho 2, os efluentes descem por gravidade, pressurizada, a partir da primeira caixa para a segunda caixa de transição, localizada no conjunto Cidade Satélite. Na caixa de transição 1, além dos esgotos da estação de Ponta Negra, serão reunidos esgotos de Capim Macio, Neópolis, Pirangi e San Vale, bem como de Nova Parnamirim.
O terceiro trecho sai da caixa de transição 2 para a de número 3, no Planalto, recebendo contribuições de esgotos de outra parte de Parnamirim, que inclui os bairros de Emaús e Parque Industrial.
Por fim, o trecho 4, por gravidade, liga a caixa 3 à ETE Guarapes Os dejetos serão jogados próximo ao riacho da Prata, afluente do rio Jundiaí. O tratamento será feito em nível terciário, com capacidade para remover 90% da carga orgânica, reduzir a concentração de coliforme fecais, nitrogênio e fósforo a paramentos compatíveis com as condições do corpo receptor que será o estuário do rio Jundiaí.
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