O segmento de universidades privadas no Brasil vive uma dualidade: o país tem uma demanda reprimida para o ensino superior, no entanto, há limitações financeiras para os estudantes usufruírem dos cursos que são oferecidos pela rede particular. Para o presidente do grupo Estácio de Sá, Eduardo Alcalay, o momento é de grandes negócios fomentado pelo aumento da renda da população, o que influencia no crescimento do mercado, além dos programas de financiamento para os estudantes desenvolvidos pelo governo federal. O grupo presidido por Alcalay atua hoje em 17 Estados, com 70 unidades. Ele admite que houve dificuldade para uniformizar a qualidade do ensino, o que foi conseguido desde o ano passado. “Éramos como que diferentes instituições de ensino em diferentes regiões do país”, comenta, observando que o projeto de uniformizar o ensino ocorreu com a elaboração de um currículo único para todas as unidades, um trabalho feito a partir do estudo das demandas do próprio mercado. O presidente do grupo admite que se de um lado as faculdades da Estácio de Sá aumentam em matrículas, por outro é preciso também fomentar a pós-graduação. “De 220 mil alunos da Estácio, nós temos 12 mil de pós-graduação, o que dá 5% apenas. Temos que ter mais. A gente quer ir para um patamar de 10% de alunos de pós-graduação. É pouco (agora) porque a gente explora mal esse potencial e temos que crescer”, comenta. O convidado de hoje do 3 por 4 é um empreendedor no segmento do ensino superior, um cidadão que aposta na educação do país, um desbravador de negócios a partir da educação. Com vocês, Eduardo Alcalay, presidente da Estácio de Sá.
O que atraiu a Estácio de Sá a investir no mercado do Rio Grande do Norte?
O Rio Grande do Norte, o Nordeste como um todo, está passando por uma fase de crescimento em determinados setores muito interessantes e muito importante. O aumento da renda como um todo, grandes projetos em diferentes áreas econômicas, serviços, indústria, turismo. Tudo isso gera uma demanda do mercado de trabalho por profissionais qualificados, com formação superior, e do lado do potencial aluno, dos jovens trabalhadores, uma vontade cada vez maior de investir na sua educação, se formarem como bons profissionais e melhorando sua colocação no mercado de trabalho. Isso significa demanda por ensino, por formação acadêmica. Nós estamos buscando, com esses investimentos, um melhor posicionamento nesse mercado que cresce, o mercado de ensino superior no Nordeste apresenta as mais altas taxas de crescimento do Brasil como um todo. O Nordeste é o que mais cresce, por isso que viemos atrás de empresas de destaque, de qualidade no ensino superior. Primeiro a FAL e depois a Fatern. Juntando a isso, com a Câmara Cascudo que já era nossa, a gente quer se posicionar bem e oferecer um ensino de qualidade. Antes tínhamos 1.500 alunos. Com a Câmara Cascudo, Fal e Fatern passamos a ter 8 mil alunos. E a gente não pára aí. Vamos aumentar a oferta de curso, o tamanho das faculdades e o mercado como um todo está crescendo muito.
Como se posiciona o mercado de Natal perante o Nordeste?
É um destaque interessante. Natal é uma das principais capitais do Nordeste e isso já está em linha com nossa própria geografia na região. Nossa maior operação no Nordeste é Fortaleza, onde temos cerca de 18 mil alunos. A segunda maior é Salvador com 9 mil alunos e agora a terceira e muito perto da segunda é Natal com 8 mil alunos. Então, Natal era um ponto pequeno no nosso mapa e assume um peso muito grande e relevante na nossa (da Estácio de Sá) no Nordeste. Queremos crescer mais. Temos um projeto de crescimento para o Ceará, Pernambuco, em Recife, Salvador, estamos investindo fortemente em todas essas cidades.
Como é a relação da Estácio de Sá dos cursos de graduação e pós-graduação na empresa?
O maior mercado e onde a gente foca mais é na graduação. Mas nós oferecemos os cursos de pós-graduação e faz todo sentido, é o conceito da educação continuada. O aluno busca na pós-graduação uma especialização numa área específica. A Fatern tem boa prática de pós-graduação. Cerca de 10% dos alunos são de pós-graduação. É um percentual maior do que nós fazemos hoje no Brasil como um todo. De 220 mil alunos da Estácio, nós temos 12 mil de pós-graduação, o que dá 5% apenas. Temos que ter mais. A gente quer ir para um patamar de 10% de alunos de pós-graduação. É pouco (agora) porque a gente explora mal esse potencial e temos que crescer. De qualquer maneira pós-graduação é um pedaço pequeno ainda. O país precisa efetivamente e tem que trazer mais matrículas é no ensino superior de graduação.
O grupo Estácio de Sá tem faculdades espalhadas por diversos Estados. Como qualificar uniformemente o ensino proferido nessas diversas unidades?
Nós começamos a fazer isso efetivamente a partir de 2010. A Estácio é uma grande empresa, que está em 17 Estados diferentes e 70 unidades. Até 2009 e 2010 nós contávamos com uma qualidade e uma oferta de ensino não tão uniformizada ao redor do país todo. Éramos como que diferentes instituições de ensino em diferentes regiões do país. Isso por um lado é bom, tem um aspecto de regionalização, respeito as particularidades regionais, mas ele passa a lhe atrapalhar no sentido que se não tiver um padrão não tem como controlar a sua qualidade a nível nacional. Afinal de contas operamos em nível nacional. De 2010 adiante a gente mudou isso porque investimos na construção de um novo modelo acadêmico, o que tem de novo atualizamos os nossos currículos as demandas do mercado de trabalho, fomos aos principais empregadores das principais áreas de conhecimento, engenharias, administração, Direito, saúde, pesquisar quais competências essa empresas buscas nos recém-graduados, atualizamos nossos currículos e construímos novos currículos e passamos a implementar novos currículos a partir de 2010. Então desde o ano passado o ensino da Estácio Brasil inteiro afora, em 70 unidades, em 17 Estados, passa a ter uma uniformidade. Ou seja, o curso de Administração, Direito, Enfermagem, por exemplo, tem um eixo comum, até porque as provas de qualificação, do Enade, OAB, são todas nacionais. Então a gente tem um eixo da base nacional para todos os nossos cursos Brasil afora. É um eixo básico porque, ainda assim, existe necessidade de respeitar as particularidades nacionais. Temos uma qualidade, um eixo básico a ser integrado.
E como ficam as novas aquisições Fal e Fatern (compradas pelo grupo Estácio de Sá no Rio Grande do Norte) nesse eixo nacional da Estácio?
Vamos fazer isso sim (de uniformizar a qualidade do ensino), mas de maneira gradual e cuidadosa. Primeiro porque só vamos fazer para os novos estudantes, os que estão atualmente cursando não há como fazer isso no meio do curso porque tumultua e prejudica muito. Vamos fazer isso com o cuidado também de agregar. Pegar o que a Fal e Fatern têm de bom e agregar.
Como uniformizar um ensino se não há qualificação uniforme para os professores?
Esse é o ponto importante do nosso projeto porque, justamente por operar nacionalmente, se você não sistematiza o mínimo dos seus currículos você fica muito na dependência da qualidade do professor do Rio Grande do Norte, na Bahia, no Rio Grande Sul, aí você não consegue dar uniformidade de qualidade. Quando nós uniformizamos nossos currículos significa dizer que temos todo currículo programático uniforme, são metas, metodologias pedagógicas tudo isso a serviço do professor. Todos os planos de aula, metodologias, ferramentas, biblioteca virtual, tudo isso está a disposição do nosso professor. Fazemos um esforço também de uniformização. E onde a gente acha que existe carência no docente temos coordenadores e cursos de capacitação para dar apoio e qualificação para o professor. É um programa sistemático para atualização, integração de conteúdo e metodologia de ensino, e ainda de apoio e suporte pedagógico para que a gente consiga entregar para o nosso aluno uma qualidade uniforme.
O Brasil tem uma demanda reprimida de jovens no ensino superior. Por outro lado, há também uma problemática que é a questão financeira, embora tenha oferta de vagas, muitos não têm como custear o ensino. Como se posiciona a Estácio de Sá perante essa demanda reprimida, mas limitada pela renda?
Nós estamos aí, nossa missão é efetivamente resolver, gradativamente, o problema da demanda reprimida e da dificuldade de acesso ao ensino de qualidade. Com a escala que a gente tem e gestão acadêmica conseguimos produzir um ensino de qualidade que agrega para o aluno, além de novos currículos, ele traz material didático, livros textos completo, para 100% dos cursos de maneira gratuita e inclusa na mensalidade. O aluno típico nosso não tem dinheiro para comprar livro, mal tem dinheiro para pagar mensalidade. Essa fórmula nossa, de entregar o material didático, e além disso mantemos preço acessíveis, em torno de R$ 400 a R$ 450 que é um preço mínimo básico, é viável. Fazemos isso de maneira sustentável, não estou fazendo uma grande promoção que daqui a um ou dois anos não vou conseguir manter. Consigo manter porque tenho custo, estrutura gerencial que ainda rentabiliza minhas operações.
Perfil
Eduardo Alcalay é diretor Presidente, Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo Estácio.
Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo e graduado em Administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas.
Alcalay é sócio da GP Investiments desde dezembro de 2005. Na atuação profissional foi também sócio co-fundador da Singular Partners, uma firma especializada em consultoria financeira, envolvendo M&A e reestruturação financeira. De 2000 a 2003, ele trabalhou na UOL e Grupo Folha, onde atuou como responsável em operações de financiamento e, em 2001, foi eleito Vice-Presidente do Conselho de Administração da UOL.
Detalhes
Apostaria em quais áreas: saúde e engenharia. A gente já vê isso nos vestibulares que fizemos no Brasil inteiro, as carreiras que mais cresceram foram as Engenharias, Arquitetura e a área da Saúde especialmente a Medicina. Um curso em que aposta: Engenharia de Petróleo e Gás.
O que busca a Estácio: a Estácio busca ensino de qualidade de maneira sustentável. Acesso ao público-alvo, qualidade em corresponder expectativa de público-alvo e crescer de maneira sustentável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário