quinta-feira, 23 de junho de 2011

Manifestantes querem preparar relatório paralelo.

As tentativas de manobra na Câmara Municipal para  desviar o foco da Comissão Especial de Inquérito sobre os contratos da Prefeitura não preocupam o Coletivo Fora Micarla. Como o requerimento para instalação da CEI foi oficialmente lido em plenário,  ontem à tarde, os manifestantes afirmam que o objetivo foi cumprido e a Comissão deve funcionar. Agora, eles pretendem fiscalizar o trabalho da CEI e realizar uma espécie de "relatório" paralelo.De acordo com o membro da comissão jurídica, Hélio Miguel, não há maiores preocupações sobre a instauração de outra CEI, para investigar contratos da gestão passada. A oposição na Câmara vê nisso uma tentativa de desviar o foco dos contratos celebrados desde 2009. Contudo, para Hélio, esse não será o problema. "Já conseguimos a instalação da CEI e a certeza de que haverá um membro da oposição, o que dá credibilidade ao processo e certifica que a sociedade terá acesso aos dados da investigação. Isso é suficiente", diz.

A intenção do Coletivo Fora Micarla é acompanhar de forma minuciosa as investigações. Primeiramente porque, caso alguma irregularidade surja, como tem sido denunciado pela oposição, não será necessário esperar pelo fim da Comissão para a tentativa de atingir o principal objetivo do movimento: entrar com uma ação pedindo o impeachment da prefeita Micarla de Sousa. "Caso algo realmente grave seja descoberto, não iremos nem mesmo esperar o fim da CEI. A intenção é judicializar o pedido imediatamente", diz Hélio, citando as denúncias de imóveis alugados de forma indevida.

Os manifestantes estiveram ontem à tarde na praça dos Três Poderes, onde prestaram apoio a um ato do Movimento de Luta nos Bairros e Favelas (MLB) e entoaram palavras de ordem contra a atual administração.

Ontem, o desembargador Caio Alencar intimou o procurador-geral do Município, Bruno Macedo, a se manifestar acerca do pedido do advogado Daniel Lisboa de inclusão do acordo entre Câmara e Coletivo Fora Micarla no processo que julgou o mandado de segurança impetrado pela Casa Legislativa para retirada dos manifestantes, na semana passada. Bruno Macedo tem, após receber a intimação, 48h para se manifestar. A inclusão do acordo  permite que um possível descumprimento  seja cobrado na esfera judicial.

Estudantes e guardas entram em conflito

O rigoroso controle para acesso dos estudantes do movimento #Fora Micarla às galerias do plenário da Câmara Municipal de Natal terminou gerando tumulto e revolta. No início da sessão de ontem, houve empurra-empurra e conflito com os guardas municipais e policiais que faziam a segurança da Casa. Durante o conflito, um dos jovens, Rinaldo Sampaio de Andrade, acabou sofrendo um choque mais forte no rosto, mas sem gravidade
"Essa burocratização é absurda. Nós protestamos e estávamos fazendo pressão, no grito, para entrar. Mas tudo na paz. Eu estava de mãos pra cima, e eles (os seguranças) vieram pra cima", relatou o guia turístico Rinaldo Sampaio de Andrade, 32. A confusão começou depois do acesso de cerca de 80 estudantes às galerias. Outros 30 ainda aguardavam na recepção, mas foram barrados pela segurança.

Sob a justificativa de que só seria possível a entrada até o número máximo de pessoas que as galerias do legislativo  comportam - são 85 cadeiras - a segurança suspendeu o acesso, ás 15h40. O impedimento gerou o tumulto, que só terminou com a intervenção do representante do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Marcos Dionísio, e do estudante Marcos Aurélio Garcia, da Comissão de Imprensa do movimento #Fora Micarla.

Durante o tumulto, todos os estudantes que já estavam acomodados na galeria saíram para dar apoio aos que tentavam entrar. Muitos gritavam "deixa entrar", outros, "essa casa é do povo". O conflito durou por cerca de 20 minutos. Com a intervenção de Marcos Dionísio e Marcos Aurélio, ingressou nas galerias um número de manifestantes ligeiramente superior ao limite.

Parte do grupo ficou na entrada principal da Câmara e passou o tempo gritando palavras de ordem e pedindo pela instauração da CEI. Os que ingressaram nas galerias para acompanhar a sessão de ontem, na qual foi lido o requerimento da CEI dos Contratos, tiveram que fazer um cadastro na recepção da Câmara e entregar mochilas para serem revistadas.

Até a leitura do requerimento, os vereadores ouviram protestos a todo instante, por parte dos que ocupavam as galerias. Em um dado momento, informados sobre a possibilidade de que a investigação não fosse instalada, devido a uma manobra da bancada aliada à prefeita Micarla de Sousa, os estudantes ficaram de costas para o plenário, com as mãos sobre a cabeça.

Com o término da sessão, por volta das 17h, os estudantes, que ficaram dez dias acampados na sede do legislativo, saíram em passeata até a Prefeitura de Natal e depois realizaram uma plenária na praça André Albuquerque para decidir o calendário de ações dos próximos dias.

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